antirrestaurante daqui: Terceira edição do Daqui - Compartilhando o que temos até agora

O primeiro prato, descrição no fim do texto!

Como a idéia do Daqui é o compartilhar, escrevo um pouco sobre o que surgiu a partir do almoço de sábado passado, dia 19/05, terceira edição do Daqui.

Vieram 19 pessoas entre adultos e crianças. Foi muito bom. Revi amigos de longa data, amigos recentes, clientes/amigos que conheci através do Daqui que voltaram com novos amigos... O cardápio funcionou bem e a idéia é repetí-lo na próxima edição.

O Deva fez uma breve caminhada pelo sítio (horta, composteira, pomar...) com o pessoal antes do almoço. A idéia com esta caminhada é ampliar as possibilidades de reflexão, dar a oportunidade de ver a origem de muitos dos ingredientes usados no cardápio e conhecimento do processo produtivo. Conforme já escrevi antes, nosso foco com estes eventos é muito mais amplo do que um simples almoço. Ainda estamos tateando em como encontrar formas de trabalhar com estas reflexões.

Um grande amigo teve a idéia de fazermos um jogo para as crianças que estimulasse a reflexão delas e, por tabela, a reflexão dos pais. As crianças sempre são grandes informantes!

Nossa proposta inicial era fazermos estas 03 edições e sentirmos como o projeto está. Hoje, após as 03, percebemos que ainda não temos muitas respostas e vamos seguir um pouco mais com o mesmo formato para poder experimentar e ter mais informações.

Nossa idéia inicial era trabalhar com "fair trade", depois resolvemos ser mais arrojados e focamos em permitir que todos exercitassem suas relações de consumo. Isso está muito bacana. Conforme coloquei no texto que escrevi depois do segundo almoço, muitos desdobramentos já aconteceram. Vide link.

Paralelo a tudo isso, estamos devagarinho montando um estudo de viabilidade econômica deste projeto. Como disse nosso mesmo amigo que sugeriu o jogo, é um trabalho de formiguinha. Estamos montando os custos de cada ingrediente nosso para poder montar os custos de cada experiência. Já temos uma idéia ampla, mas queremos olhar para isso detalhadamente, inclusive considerando possíveis impactos de cada um desses itens (se tiverem). Sabemos que os ingredientes convencionais estão cheios de custos não computados nos seus preços finais. São as chamadas externalidades: impactos ambientais, econômicos e sociais (por exemplo mão de obra mal remunerada, degradação ambiental...). Eu detalhei este tema quando escrevi sobre o alho consumido no Brasil, link para o texto aqui.

Não existem milagres nessas contas matemáticas, produto barato é a garantia de algum impacto no processo produtivo. Visitar uma horta orgânica e uma horta convencional é super elucidativo, pois ficam evidentes os pontos impactantes da cadeia convencional. Quem tiver a possibilidade de fazer esta vivência, aproveite.

Ontem de noite vimos um trecho do programa "Fantástico", na TV globo, que falava sobre quantas pessoas o planeta pode suportar. A parte que vimos falava sobre o modelo de consumo de um pais africano e o modelo de consumo norte-americano. Se todos as pessoas consumissem o que/e como os norte-americamos consomem, seriam necessários muitos planetas Terra. Simples assim.

Não temos outros planetas, estamos todos numa grande ilha azul. Olho para isso com carinho e procuro que minha pegada seja o mais leve possível e que meu percurso não deixe muitos rastros de externalidades não computadas para as próximas gerações.

Se isso faz sentido, convido você para o nosso almoço/experiência no Daqui antirrestaurante. Uma forma de olhar para tudo isso com carinho, caminhar com um passo mais leve neste mundo tão corrido e comer uma comida bem boa feita com todo cuidado! Nutrição na máxima potência.

Abaixo, fotos do almoço de sábado:

Creme de batata doce, com charque desfiado e lentilha germinada (detalhe para o charque que foi produzido por nós com boi de pasto Daqui do sítio abatido por nós - meu primeiro charque)

Montagem do prato da foto inicial. É o primeiro prato: bomba com legumes (abobrinha, brócolis e couve-flor) salteados no ghee, com pinhão, gergelim, queijo colonial gratinado sobre pincelada de pesto de rúcula.